IMAGINÁRIO EM PERPÉTUA CRIAÇÃO

Uso de música para revitalizar os Chakras

parte 01

Eduardo Berlim

9/3/20254 min read

USO DE MÚSICA PARA REVITALIZAR OS CHAKRAS [PARTE 01]

No ‘Música e Magia – Uma Introdução’, curso que ministrei recentemente, me aprofundei em certas questões de “como a música funciona”. Devo dizer, é claro, que mesmo me aprofundando, mal arranhamos o básico. Não teria como trazer uma profundidade real para o tema da música em meras quatro aulas de duas horas/duas horas e meia. Como eu poderia traduzir meus quase dez anos de Conservatório em tão pouco tempo? Ou pior: como poderia traduzir meus quase trinta anos de música em tão pouco tempo?

Mas o básico, o simples, o inicial é uma torrente de informações para quem ainda se encontra no marco zero. E foi com isso em mente que o curso foi criado; para ser um bálsamo, uma gotícula informativa sobre música e o seu papel como Arte. Uma coisa que não mencionei no curso (ou pelo menos não mencionei com a devida profundidade) é quanto importa a música ser chamada de Primeira Arte.

Eu poderia dedicar horas à ideia de ॐ ser o som fundamental, do Verbo denotar uma ação que concatena a palavra sonora, de que o Logus, enquanto palavra, necessita ser música ou de como a Teoria das Cordas precisa dizer que a gravidade canta uma canção no vácuo espacial. Mas em que medida isso seria compreensível? Em que medida teologal podemos compreender a divindade como uma música que não ouvimos, pois ela jamais parou de tocar?

Seria como pedir para alguém me descrever o cheiro do oxigênio. Parece possível? Bem... Certamente não é possível descrever um cheiro, que de tão permanente, nos parece inodoro. Quão diferente isto é da canção de elétrons que giram e de quarks que piscam? Se há movimento, há som. Por mais que ninguém ouça. Por mais que ele não se propague! Uma ideia que não se propaga é completamente diferente de uma ideia que não existe, afinal.

Saber dessa conexão tão fundamental, que fez com que pinturas rupestres já nos representassem cantando, dançando e tocando flautas, me parece o bastante para frisar a ideia de que ‘a música, enquanto Arte, está para além do que a vida é’. Tolkien descreveu essa ideia no seu Ainundalë, em que seus Anjos, digo, Valar, cantam a canção que Eru lhes ordena. “Eru, o Único, que em Arda é chamado Ilúvatar” não é só a imagem de Deus, mas o regente, o maestro fundamental da Criação. Maestro que é necessariamente uma figura única na orquestra: o regente fundamental em música é o regente fundamental do cosmos.

E é aqui que está o “pulo do gato”: se o regente é uma metáfora do Criador, o resto da orquestra se torna metáfora para a Criação. Neste sentido, podemos associar ideias como quatro elementos, sete planetas, dez sephiroth e mesmo os Chakras aos aspectos fundamentais em música; assim como aos instrumentos e com a formatação sonora.

Eu não acredito que isto seja fácil de ser feito, uma simples análise com base em poucos elementos. Pelo contrário: existem pontos simples, de percepção tranquila, e outros tão complexos que somente aqueles capazes de entender autores como Ian Guest e Arnold Schoenberg estariam aptos de interpretar. Mas nesta série de textos pretendo facilitar o processo para vocês, criando uma breve facilidade.

Vamos ao básico: onde vibra o grave? O grave é ouvido ou é sentido? Onde ele “te pega”? Qualquer um que já foi em uma balada com DJ tocando hip-hop alucinadamente, a um baile do tipo ‘pancadão’ ou a uma rave deve ter percebido que o grave atinge em cheio a pélvis, causa sensações no estômago e até “deixa a perna bamba”. As benesses e horrores que isso é capaz de causar foram explicadas no curso – e não seria justo trazer isso para fora de lá, considerando o respeito com o cliente.

Só que acredito que esta simples percepção possa ser capaz de nos elucidar algo, nos trazer certo insight. Afinal, se o grave bate de forma baixa, sendo considerada uma “baixa frequência” (no sentido físico, não no sentido sou neta das bruxas que eles não queimaram e coleciono cristais de unicórnio que as espaçonaves largam por aí), ele se conecta com algo muito mais mundano, muito mais animalesco.

E isso pode trazer uma ideia ou outra sobre o comportamento dos Chakras, não é mesmo? Bem... Chakras no sentido “ocidental” da coisa, na análise um tanto estranha que fazemos desde que gente que só falava inglês decidiu buscar uma tradição de um país que coleciona línguas oficiais. Mas como na busca do reequilíbrio da nossa psiquê vale de tudo, ninguém se importa se estamos falando de um Yoga transcendental de monastério ou se vamos pelo caminho dos Chakras que podemos aprender no Instagram. Você é só uma pessoa comum, eu sou só uma pessoa comum, e todo mundo aqui só quer um pouco de paz e de harmonia com a vida.

Mas se o grave “bate” nestas questões, podemos perceber que, no básico do básico, Muladhara gera estabilidade através do grave (e se desestabiliza através dele também). E isso é um bom começo. Músicas que consigam trazer uma tônus de sustentação, equilíbrio e fundamentação através de frequências nas regiões mais graves trará um poder de estabilizar esta parte de nosso ser.

Os tambores graves, sons de caixa de guerra, baixos e violoncelos, trombones, tubas, fagotes, pianos... Instrumentos com poder de gerar a manutenção no grave e criar melodias de forte beleza nos serão muito úteis na hora de reequilibrarmos nossa existência através do grave.

Neste sentido, deixaria uma música de recomendação. A mesma que entreguei no curso, por sinal. Devo dizer que há certa recomendação sobre ouvir músicas neste sentido de reequilíbrio e que eu jamais passaria uma ou duas horas ouvindo esta música por dia. Mas uma breve meditação diária pode ser suficiente.