IMAGINÁRIO EM PERPÉTUA CRIAÇÃO
Tom Jobim e o "Jazz Brasileiro"
Urubu
Eduardo Berlim
1/8/20252 min read
É bem natural que percamos o senso de proporção de algo que ocorre em nossas próprias terras. Particularmente, compreendo que muitas das severas críticas ao jazz-bossa-nova de Tom Jobim incorram justamente nesta temática. Afinal, a Bossa Nova é apenas uma imitação do jazz dos americanos?
Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu em 1927, na cidade do Rio de Janeiro, e foi um compositor, maestro, arranjador, violonista e, (acima de tudo!), pianista. Com seu Sol exilado em Aquário, acompanhado por conjunções de Vênus e Mercúrio (este combusto), uma quadratura de sua Lua em Escorpião e Caput Draconis em Câncer, começa a se mostrar evidente as drásticas mudanças que ele levaria para a música mundial. Sim!, mundial! Nada de brasileira ou ocidental!
Com influências diretas do maxixe de Ernesto Nazareth e do choro de Chiquinha Gonzaga, é evidente que o samba e a valsa de Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, influenciaram o carioquíssima Jobim em sua obra. A partir de 1941, foi aluno de Hans-Joachim Koellreutter, que lhe apresentou o dodecafonismo e o atonalismo de Arnold Schöenberg: um dos nomes de extrema influência para (adivinhe!) o jazz.
Há ainda fortíssima influência musical de brasileiros como Ary Barroso e do inigualável Heitor Villa-Lobos, além de franceses Claude Debussy e Maurice Ravel. Todo esse caldeirão de século XX fomentou os primórdios da bossa nova através do violão de João Gilberto e, posteriormente, trouxeram a beleza das praias cariocas na desafinada voz de Tom Jobim. O dodecafonismo de Schöenberg já lhe ensinara a “reafinar” suas atonalidades com notas fora de escala, enquanto os mares celestes de Debussy e Ravel lhe ensinavam a cantar as nuvens do céu. Unido com o inigualável ritmado do choro-samba de Nazareth e Chiquinha Gonzada e melodias inspiradas na flauta de Pixinguinha, a fórmula para tomar o mundo todo estava pronta.
Tom Jobim foi traduzido para um número absurdo de línguas, que não excluí nem mesmo o tcheco, o islandês e diversas línguas da Ásia. Para aqueles que não conseguem ter ideia do quão enorme é isso, digo que Garota de Ipanema é a segunda música mais regravada da história, perdendo apenas para Yesterday.
Mas da mesma forma que o jazz moderno tem o blues em sua linhagem sanguínea, derivado de músicas do continente africano, a bossa carrega nas suas origens sambísticas os mesmos ancestrais do além-mar. E se o jazz carrega as influências de um modernismo erudito europeu e suas orquestras e um dodecafonismo controverso de um compositor inacreditável, é o mesmo Shöenberg que leva a Jobim seu atonalismo e as mesmas filarmônicas que levam sua leveza. E certamente Frank Sinatra concordou com isto:





