IMAGINÁRIO EM PERPÉTUA CRIAÇÃO

Não deveria ser divertido?

ou tu anda se levando a sério demais?

Eduardo Berlim

1/8/20252 min read

blue and yellow nerf gun
blue and yellow nerf gun

Um estranho paralelismo entre magia e os roquistas incorre no fato de que quanto mais velho o fã de determinado sistema, menor a diversão que ele tira do sistema em si. Curiosamente, é possível perceber isso através de uma música de 2014 do Paramore – especialmente através do clipe.

O estranho excesso de diversão de Ain’t It Fun não deve ser de forma alguma confundido com ausência de técnica (e certamente quem já tentou aprender a bassline dessa música conseguiu perceber isso). É natural que fãs do rock dos anos 80, 70 e 60 criem uma estranha “casca de superioridade” ao redor de seus discos e álbuns favoritos, fazendo-os acreditar que eles são eternos e insuperáveis. E, de certo modo, eles não estariam de todo errado.

Percebam: é impossível algo superar bandas como Guns N’ Roses, Bon Jovi, Metallica e Sepultura, mas somente porque nenhuma outra banda está (ou deveria estar) tentando ser o próprio Guns N’ Roses, Bon Jovi, Metallica ou Sepultura! Tornar-se insuperável em si mesmo só mostra que certo grau de eternidade foi alcançado e isso impossibilita a comparação. Não significa que aquilo que surge após os “anos dourados” não possa ser tecnicamente mais complexo, embasado ou divertido.

Com sistemas mágicos ocorre o mesmo, na medida em que praticantes de sistemas tradicionais tornam-se carrancudos e se esquecem que há algo bastante divertido em trazer Espíritos pra bater um papo e receber encargos. Provavelmente os praticantes de Trithemius e da Goetia se sentiram atraídos por um certo ar de maravilhamento e divertimento que estas práticas carregam e que, com o tempo, tenham perdido esse feeling, perdendo toda a parte mais divertida do processo.

Percebam que não é uma questão de ausência técnica, mas ausência de diversão. Novamente repito: dá pra se divertir tocando linhas bastante complexas de baixo (e até dar uns mortais no palco enquanto toca, como prova Jeremy Davis). Isso não tem qualquer relação com divertir-se no processo. Leveza e complexidade podem (devem!) caminhar juntas conforme a experiência avança e isso é algo que se perdeu junto dos velhos roquistas que acham tudo “uma merda”.