Meter o shape, ficar milionário e teurgia: qual a escala de dificuldade?

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Estava passando no Instagram por estes dias e vi a seguinte questão sendo levantada em um corte de podcast: o que seria mais difícil – ‘meter o shape ou ficar milionário’? A questão se desenrolou uma informação bastante curiosa: nos EUA existem mais milionários do que pessoas que conquistaram o almejado ‘six pack’, conhecido no Brasil como ‘tanquinho’ ou ‘shape de surfista’.

Percebam que esta ideia do ‘six pack’ passa longe do verdadeiro corpo escultural, da “estátua grega que anda e fala” – e passa ainda mais longe dos Samson Dauda’s e CBUM’s da vida. É flagrante que há longa distância entre ‘meter o shape’ e ser campeão do Mr. Olympia. Em tese, é a diferença de sair de milionário para bilionário (ou talvez para a posição de ‘pessoa mais rica da Forbes’), mas o meu questionamento foi: alcançar uma ‘verdadeira teurgia’ fica em que grau de dificuldade nesta comparação?

Confesso que estou me referindo a um tipo bastante específico de teurgia aqui. Não estou pensando no religioso cheio de crenças ou do magista que fez quilos de rituais para chamar o SAG ou algo do tipo: estou pensando na fé inabalável, na fé inquestionável. Em suma, estou pensando na fé que canoniza alguém, na fé que forja uma rezadeira, naquela que forma um benzedor do interior que espanta cobras com o assovio.

Não é ‘ir regularmente pra academia’ ou ‘gastar menos do que ganha’. Isso é básico; o mínimo tão basilar que sequer chega a garantir um caminho do ‘primeiro milhão’ ou do ‘ficar gostoso(a) pelado’. Poderia dizer que, na teurgia, a oração diária, o ‘conversar com Deus’ (ou com o teu Nome preferido para o Criador) e até o tentar ser bom (ou o ‘evitar ser um bosta’) ainda são análogos a comprar S&P e tomar creatina. Enfrentar os pecados que te tiram de eixo, cultivar uma valorosa fé, deixar o credo transbordar, focar nos caminhos que te levam ao sagrado... Parece que nada nos tira do ‘pacote básico’.

Mas porque meter o shape é mais difícil que se tornar um milionário?

A questão parece estranha, mas possui uma resposta lógica: em um dos caminhos todo o resultado depende exclusivamente de você. Você pode se tornar milionário com ajuda de sócios, amigos, vendedores, contratados, produtos... Bem... Tem gente se tornando milionária na internet com pornografia de IA e venda de infoprodutos no pior estilo ‘emagreça dormindo’...

Não há qualquer garantia de ‘meter um shape’ com truques baratos, não tem como ‘roubar no jogo’. O mito da hormonização, do “aplica que cresce”, ainda exigirá uma dieta bem acertada e muita disciplina física na academia. Por sinal, o grande poeta Mag já nos avisava deste mal décadas atrás com os belos versos

“Quer tomar bomba? Pode aplicar, mas eu não garanto que vá inchar”.

Se isso te desanima na questão do shape, é provável que a teurgia tenha um caminho ainda mais complicado. Se a dificuldade do shape está no ‘depender apenas de si mesmo’, na teurgia dependemos de algo que não podemos controlar: precisamos ser escolhidos pelo divino, precisamos ser vistos por Deus. Não é você quem escolhe a teurgia. É ela quem escolhe você.

Pedro não escolheu a vida sacra.

Arjuna não escolheu.

Paulo, Sōseki Natsume, Baldur, Enkidu, Simão de Cirene, Epicteto...

Nenhum deles teve escolha.

Se a teurgia não nos busca, corremos grave risco de nunca a alcançar.

Só que isso não deveria nos desmotivar.

Porque no nosso íntimo algo sempre mantém a fé.

A fé de que quando você olha por muito tempo para o sagrado, que talvez ele volte seus olhos para você...